SOBRE AS DOENÇAS
O QUE É DOR PÉLVICA?

A dor pélvica crônica (DPC) é um dos problemas médicos mais comuns entre as mulheres. Mais da metade das pacientes com DPC deve restringir suas atividades normais por um ou mais dias por mês e 90% delas têm dor durante as relações sexuais. Quase 50% das mulheres com dor pélvica crônica sentem-se triste ou deprimidas. DPC é qualquer dor na pelve, vulva, períneo, parede abdominal, quadris e nádegas, que dura mais de seis meses. É comum esse quadro interferir na qualidade do sono, no desempenho escolar e no trabalho. Muitas vezes o problema responsável pela dor inicial já diminuiu ou mesmo desapareceu completamente, mas a dor persiste.

Em pacientes com DPC é muito comum encontrarmos vários geradores de dor que contribuem para o quadro geral. Os principais são a fibromialgia, síndrome da bexiga dolorosa, síndrome do cólon irritável, dor miofascial da parede abdominal, dor miofascial do assoalho pélvico, vestibulodínia, neuropatia periférica dos nervos ílio hipogástrico e ílio inguinal, neuropatia periférica do nervo pudendo, varizes pélvicas, alterações osteo-articulares, entre outras.

O tratamento é normalmente clínico com medicações específicas, mudanças de hábitos de vida e alimentares e tratamento fisioterápico especializado em doenças do assoalho pélvico. Em alguns casos os bloqueios anestésicos de nervos periféricos ou de pontos de gatilho (trigger points) são indicados. O suporte psicológico algumas vezes se faz necessários.

O QUE É ENDOMETRIOSE?

A endometriose é uma doença benigna que acomete aproximadamente 10% da população feminina em idade reprodutiva, é encontrada em 20 a 50% das mulheres com infertilidade e em grande número de mulheres com dor pélvica crônica. Sua causa ainda não é reconhecida.

É definida como a presença de tecido endometrial em localização extrauterina, acometendo principalmente a pelve feminina e os órgãos ali presentes como o peritônio, ovários, reto, sigmoide, bexiga, ureteres e ligamentos uterinos. Mais raro, pode ser encontrada em virtualmente todos os locais do corpo humano sendo a localização pleural e pulmonar as mais frequentes fora da cavidade abdominal.

Pode se apresentar de forma silenciosa, com pouco ou nenhum sintoma ou mais frequentemente causar dor, inicialmente tipo cólica menstrual podendo evoluir para dor crônica, infertilidade e invasão de estruturas nobres funcionais na pelve como as vias urinárias e a porção mais terminal do intestino.

A história clínica e o exame físico detalhado da pelve são essenciais para um bom diagnóstico. Entre os exames de imagem mais indicados para ajudar no diagnóstico podemos contar com a Ressonância Nuclear Magnética (RNM) e a Ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal. Outros exames podem ser necessários para uma melhor elucidação do caso tais como retossigmoidoscopia, colonoscopia, cistoscopia, entre outros.

O tratamento deve visar sempre a melhora dos sintomas e a garantia da integridade funcional das vias urinárias e intestinal e para isso podemos lançar mão de várias formas de tratamento que vão desde clínico medicamentoso, nutricional e fisioterápico até a indicação de cirurgias minimamente invasivas realizadas através da técnica de Vídeo laparoscopia e mais recentemente através da cirurgia robótica. Essas formas de tratamento cirúrgico exigem um grande treinamento, porém proporcionam um campo cirúrgico infinitamente melhor do que as técnicas convencionais com barriga aberta, oferecendo a possibilidade de se realizar cirurgias completas com um trauma tecidual muito menor, um resultado estético infinitamente melhor e um retorno as atividades mais precoce.

A preservação dos órgãos reprodutivos da mulher é sempre a nossa prioridade, buscamos trazer de volta uma boa qualidade de vida sem deixar de tratar por completo a doença.

PRINCIPAIS CAUSAS DA DOR PÉLVICA CRÔNICA
  • Endometriose
  • Fibromialgia
  • Síndrome da bexiga dolorosa
  • Síndrome do cólon irritável
  • Dor miofascial da parede abdominal
  • Dor miofascial do assoalho pélvico
  • Vestibulodínia (vulvodínia)
  • Neuropatia periférica dos nervos ílio hipogástrico e ílio inguinal
  • Neuropatia periférica do nervo pudendo
  • Varizes pélvicas
  • Alterações osteo-articulares
PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DA DOR PÉLVICA CRÔNICA
  • Diminuição da qualidade de vida
  • Diminuição da capacidade laborativa
  • Diminuição do desempenho cognitivo (atenção, memória)
  • Diminuição da qualidade do sono
  • Ansiedade
  • Depressão